Com crise no país, brasileiro comprou menos e diminuiu a inflação
A recessão econômica do país de 2015 para cá contribuiu para que a inflação de 2017 ficasse num patamar baixo na comparação com anos anteriores, alerta a economista do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Patrícia Lino Costa. “Vale lembrar que, com o desemprego ainda alto, o consumo acaba reduzindo. Logo, muitos preços caíram por causa da demanda baixa, ou seja, porque a economia está desaquecida”, observa. Dessa forma, a taxa de 2,95% registrada em 2017 é também fruto do baixo dinamismo da economia, num universo de 12,6 milhões de pessoas em busca de emprego no trimestre encerrado em novembro, conforme a última pesquisa do IBGE. A taxa de desemprego é de 12%, 0,6 ponto percentual menor em relação ao trimestre de junho-julho-agosto.
“Só que os empregos gerados são precários”, observa a economista. As vagas sem carteira no setor privado cresceram 3,8% frente o trimestre anterior. Em comparação com igual trimestre de 2016, a alta foi de 6,9%, enquanto que as vagas sem carteira tiveram um decréscimo de 2,5%.
Embora muitos produtos possam ter seus preços reduzidos em razão do consumo baixo, nem todos obedecem essa lógica do mercado, observa o mestre em administração com ênfase cadeia produtiva e coordenador do curso de relações internacionais do Centro Universitário Newton Paiva, Leandro César Diniz da Silva. É o que ocorre com os preços administrados – energia, água, combustíveis e transportes. “Mesmo com a demanda reprimida, os combustíveis continuam subindo”, observa.
O motivo para a alta dos combustíveis, mesmo num cenário ainda desaquecido da economia, foi a nova política de preços da Petrobras, adotada desde 3 de julho de 2017, que permite que a área técnica de marketing e comercialização reajuste na refinaria os preços dos combustíveis, visando acompanhar a taxa de câmbio e as cotações internacionais de petróleo e derivados. E para ajudar a aumentar o valor do produto, no mesmo mês, houve reajuste na alíquota do PIS/Cofins dos combustíveis. Na gasolina, a alíquota passou de R$ 0,3816 para R$ 0,7925 por litro.
Além do impacto da demanda, a maior queda no preço dos alimentos em quase 30 anos em 2017 foi determinante no desempenho do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) – a inflação oficial do país. O coordenador do curso de economia do Ibmec-MG, Márcio Salvato, ressalta que a safra, 30% maior que a de 2016, impactou no preço do grupo alimentos e bebidas, que teve queda de 1,87% em 2017. Segundo o IBGE, responsável pelo cálculo da inflação, esse grupo é responsável por 1/4 das despesas das famílias, sendo a única vez que ele teve deflação no ano desde a implantação do Plano Real.
Gás. A Petrobras reduziu, na quinta-feira, o valor do botijão de gás de uso residencial em 5% e informou que as revisões de preços serão trimestrais, e não a cada mês, como vinha acontecendo.
(fonte: O Tempo)